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segunda-feira, 16 de junho de 2014

Vacinas

Vacinas


Estiveram proibidas as vacinas 

entre as Testemunhas de Jeová?
 



Alguns opositores afirmaram erroneamente que as publicações das Testemunhas de Jeová proibiam o uso de vacinas desde 1931 até 1952, e o permitiram depois. Aparentemente, fazem esta afirmação tratando de desacreditar nossa posição atual com respeito às transfusões de sangue, dando a entender direta ou indiretamente que nossa posição sobre a vacinação era igualmente estrita a do sangue e que esta também mudará. Também se trata de dar a imagem de que as Testemunhas não têm nenhuma credibilidade em assuntos médicos.

Muitos de nossos detratores demonstram descuido ao não comprovar os documentos originais para verificar a validez de suas declarações.

Por exemplo, a declaração de que, nos anos 50, as Testemunhas ensinavam que um cristão não devia vacinar-se, é uma falsidade fácil de rebater. Desde 1944, a Sociedade requeria a todos seus representantes que estivessem vacinados.

Em 1944-45, A.H. Macmillan teve que animar a certas Testemunhas encarcerados por objeção de consciência a que se vacinassem. Escreveu: 

"Um dos problemas mais sérios que tive do que tratar era o das vacinas. Alguns de nossos rapazes numa prisão (...) negaram-se a fazê-lo. (...) Disse-lhes que perdíamos o tempo falando dos males da vacina porque poderia dizer-se muito a favor e em contra. (...) Ademais, todos os que visitamos sucursais estrangeiras nos vacinamos, ou se não, ficamos em casa" (A.H. Macmillan, Faith on the March, pp. 188, 189). 

Também é digno de nota o fato de que, das aproximadamente 4.300 Testemunhas encarceradas em diversas prisões de Estados Unidos durante a guerra (segundo Cushman R.E., Civil Liberties in the Ou.S. p. 96-97, Cornell University ress, Ithaca, N.E. 1956; Zygmunt J.F. Jehovah's Witnesses in the USA 1942-1976. Social Compass 24, 47, 1977), só um grupo se negasse a aceitar a vacinação obrigatória.

Já que muitas Testemunhas individuais continuavam rejeitando as vacinas (ao que parece, porque o consideravam um requisito bíblico), o Corpo Governante das Testemunhas de Jeová viu a necessidade de deixar o assunto claro. Isto se fez na revista A Sentinela em seu número do 15 de dezembro de 1952, edição em inglês (em português, janeiro de 1954): "O assunto de vacinação deve ser decidido por aquele que tem de enfrentá-lo. ...Portanto, toda objeção em bases bíblicas quanto à vacinação, parece não ter fundamento."

Até aqui, vemos facilmente a falsidade de que as Testemunhas de Jeová tivessem proibido aceitar vacinas em data tão tardia como em princípios dos anos 50. Mas, a tinham proibida anteriormente? Por que alguns consideravam antibíblico o uso da vacina? 
Por que dizem alguns que em 1931 se proibiu seu uso?

Esta afirmação se origina por um artigo aparecido no número do 4 de fevereiro de 1931 da revista The Golden Age (A Idade de Ouro, hoje Despertai!), no que se indicavam razões bíblicas de rejeitar o uso da vacina. É verdadeiro que esse artigo existe, mas os opositores não costumam mencionar toda a verdade ao respeito. O artigo não era um artigo editorial, isto é, não o escreveu o editor nem nenhum redator da revista, senão que se trata de uma contribuição de certo Charles A. Pattillo, de Virginia (EUA). O editor não especificou se concordava ou não com a opinião do Sr. Patillo, mas é significativo o fato de que o artigo se apresentasse como uma mera contribuição de alguém alheio à própria revista. O assunto não se apresentou como uma proibição, senão como uma opinião que podia ajudar a tomar uma decisão pessoal.

Não menos significativo é o fato de do que, ao que parece, a revista The Watchtower (A Sentinela) não mencionou nunca o assunto. A Sentinela era por então (até os anos 40) uma publicação interna só para as Testemunhas de Jeová, e era ali onde se tratavam os assuntos bíblicos de maior importância para elas, enquanto a revista The Golden Age era uma publicação para o público, que tocava assuntos mais gerais, de modo parecido à moderna revista Despertai! Nenhum opositor foi capaz de mostrar nenhuma menção contrária às vacinas em A Sentinela nem em nenhuma outra publicação sem ser aThe Golden Age. Não existe nenhum indício de que o uso da vacina se considerasse tão grave como para merecer nenhum tipo de medidas disciplinares; menos ainda a expulsão. Definitivamente, a postura ao respeito era muito diferente à postura atual com respeito ao sangue.

Por outro lado, a opinião de que as vacinas podiam supor uma violação da lei divina sobre o sangue resulta, tendo em conta que o soro de algumas vacinas se produzia em sangue animal. É muito importante ter em conta o contexto histórico deste e outros artigos de The Golden Age.

Isto nos leva a outra questão: à partir do artigo de fevereiro de 1931, na revista se incluíram em várias ocasiões comentários muito críticos às vacinas, não desde um ponto de vista bíblico, senão desde um ponto de vista médico. Eram esses comentários algo injustificado, próprio de pessoas ignorantes, como o enfocam os inimigos das Testemunhas de Jeová?

Provavelmente, a primeira vez que se mencionou uma opinião crítica em relação ao uso da vacina foi em The Golden Age de 12 de outubro de 1921, e a última menção negativa foi na revista Consolation (Consolação, novo nome de The Golden Age) de 31 de maio de 1939. Não era um assunto que se tratasse com muita frequência; encontram-se citações, a maioria delas breves, uma vez em cada ano ou cada dois anos em média (o que não é muito para uma revista que se publicava quinzenalmente).

Nossos opositores também não põem as coisas em sua devida perspectiva. Não têm em consideração o ponto de vista comum que tinham muitas pessoas que não eram Testemunhas naquela época. A vacinação era um assunto altamente polêmico em seus primórdios, com discussões válidas e autoridades reputadas em ambos os lados (contrária à vacinação se encontravam pessoas como o respeitado naturalista Alfred Russell Wallace, o professor Charles Creighton, que escreveu um artigo contra a vacinação para a Enciclopaedia Britânica, ou o famoso escritor George Bernard Shaw). As publicações das Testemunhas de Jeová tratam de apresentar informação médica atualizada a seus leitores e por justiça não se lhes pode criticar a eles mais do que a cientistas e outras autoridades religiosas da época.

Como se via o uso das vacinas em princípios do século XX? Qual era o método utilizado para imunizar às pessoas? O método principal no século XIX e princípios do XX era infectar a uma pessoa com uma variante "suave" (ou atenuada) do vírus; depois, fazia-se que a pessoa voltasse após sete dias, quando apareciam as bolsas de pus; depois se raspava o pus ou a crosta e se utilizava para infectar diretamente à pessoa seguinte, que voltaria em sete dias, e assim sucessivamente. Agora, quem aceitaria hoje em dia que se lhe fizesse isto a si ou a seus filhos? Por conseguinte, talvez se torne fácil compreender os comentários de The Golden Age em sua perspectiva histórica apropriada, e se pode ajudar qualquer um a ver quão obstinados podem estar alguns de nossos opositores em suas campanhas contra as Testemunhas de Jeová!

Com a típica moderação inglesa, a Enciclopaedia Britannica indica:

"Em meados do século XX, ainda se carecia de dados estatísticos adequados referentes à eficácia em seres humanos de algumas das vacinas víricas."


Em 1913, a National Anti-Vaccination League (Liga Nacional contra a Vacinação, da qual era membro Alfred Russell Wallace) da Grã-Bretanha publicou um folheto intitulado “Is Vaccination a Disastrous Delusion?” (É a vacinação um engano desastroso?). O folheto condenava a prática como "ultraje monstruoso e indefensável contra o sentido comum e os direitos pessoais sagrados de cada humano, e especialmente de cada inglês."



O médico britânico Edward Jenner (1749-1823)



O escritor George Bernard Shaw, que havia sido membro do Health Committee of London Borough Council (Comitê de Saúde do Conselho do Bairro de Londres) publicou declarações como as seguintes, entre outras: "A vacinação obrigatória é um crime e deveria ser castigada como tal. (...) A vacina mata mais gente do que a varíola." (do artigo "A Vacinação é um Crime", tomado da revista "Naturalismo", de Barcelona). "No presente, as pessoas inteligentes não fazem vacinar a seus filhos, nem lhes obriga hoje a isso a lei. O resultado não é, como profetizaram os seguidores de Jenner, o extermínio da raça humana pela varíola; pelo contrário, hoje morre mais gente pela vacina que pela varíola"   (publicado no Irish Times de 9 de agosto de 1944).

No outono de 1901, na Filadélfia (EUA ) tinha não menos de 36 casos de tétano, segundo se admitiu, atribuído às vacinas, e quase todos eram mortais. Depois de um estudo destes e de outros 59 casos similares, o proeminente médico e professor da Filadélfia, Joseph McFarland, ardente defensor da vacinação, chegou à conclusão de que - inclusive onde se tinham tomado as precauções mais extremas - o perigo residia na transmissão à vacina do agente causador da doença. Então, sem ter em conta o fato de que o agente causador da doença estava no mesmo líquido tomado das feridas infectadas, e que o agente ainda ficava perigosamente pouco atenuado na vacina preparada desta fonte, ele seguiu recomendando ignorantemente a preparação da vacina, isto apesar do fato de que a ciência médica de seu dia não estar preparada para se por em prática sua recomendação de que se tome o maior cuidado na preparação da vacina. (John Pitcairn, The Fallacy Of Vaccination, 1911, citando de Joseph McFarland, Tetanus And Vaccination -- An Analytical Study Of Ninety-five Cases Of This Rare Complication, 1902).

Na Inglaterra e em Gales pesquisamos que, entre 1881 e 1907, registraram-se 1.108 mortes devidas à vacinação, com uma média de uma morte em cada semana durante os primeiros dezesseis anos (The Registrar-Geral's Report of Births. Deaths and Marriages in England and Wales, vols. XLIV-LXX). Recordemos, também, que as mesmas pessoas que realizavam vacinações admitiram que todas estas 1.108 mortes tinham sido devidas à mesma. Sobre isto, o professor Alfred R. Wallace disse que só na Inglaterra e País de Gales o uso da vacina era a causa provável em cada ano de 10.000 mortes; mortes por cinco doenças do caráter mais terrível e repugnante, introduzidas pelo vírus contido nas vacinas (Alfred Russell Wallace, LL.D., Forty-Five Years Of Registration Statistics, Proving Vaccination To Be Both Useless And Dangerous, segunda edição, Londres, 1889, p. 38).

Mal começavam a desenvolver-se formas mais seguras de vacinação a princípios do século XX. Não foi até 1931 que Woodruff e Goodpasture desenvolveram o ovo de galinha como meio de cultivo para muitos vírus (Woodruff, A. e E. Goodpasture, The susceptibility of the chorio-allantoic membrane of chick embryos to infection with the fowl-pox vírus, 1931. Am. J. Path. 7: 209-222). Não foi até princípios dos anos 50 que Salk desenvolveu sua vacina mais segura e mais eficaz (Jane Smith, Patenting The Sun). Não foi até 1954 que se fizeram provas em grande escala das vacinas de Salk e que provavam sua eficácia.

Poderiam citar-se muitos mais dados e opiniões da época, mas o aqui exposto deveria bastar para mostrar que as Testemunhas de Jeová estavam plenamente justificadas nos anos 20 e 30 para ter uma opinião negativa com respeito a este assunto. Não é coerente criticar só a eles por uma postura compartilhada por muitas outras pessoas, inclusive ministros religiosos de outras confissões; nossas publicações somente fizeram eco de algo que era comum na época (inclusive hoje em dia há múltiplas vozes que se alçam contrárias à vacinação).

Estes ataques costumam terminar com uma melodramática alusão às Testemunhas de Jeová que supostamente morreram por negar-se a aceitar a vacinação (de novo tratando de estabelecer um paralelo com a questão das transfusões de sangue). Já mostramos que não existia uma postura oficial nem se tomavam medidas a respeito de quem fizesse uso delas. Será que se pode dar o nome de uma só Testemunha de Jeová que morresse por rejeitar o uso da vacina? Inclusive se alguém pudesse oferecer uma cifra, sequer aproximada, ainda teria que a contrastar com a dos que morreram precisamente devido ao uso da vacina. Só podemos imaginar quantas pessoas naqueles anos se contagiaram de poliomielite e outras doenças evitáveis e quantos morreram realmente de tétano, de raiva, de influenza, ou de outras infecções devido a aceitar vacinas. Portanto, não seria justo culpar destas mortes ao clero de outras religiões, pois naquela época muitos deles declaravam na realidade o mesmo que as Testemunhas.

Estão dispostos a meditar nestas realidades?

É triste que nossos opositores não publiquem estes fatos! Por que será? 
Só há duas razões possíveis: ou são ignorantes, ou enganam deliberadamente e querem manter a outros em ignorância!


Para saber mais, leia o próximo artigo Vacinas - 2ª parte, bem como os links abaixo:




Para conseguir uma versão gratuita (e-book) do livro "Faith On The March", de A.H. Macmillan, clique no link http://www.4shared.com/document/x3E3qSJa/Faith_on_the_March.htm

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